Emocionado, Garnier lamenta falta de ‘salva de canhões’ ao deixar comando da Marinha
Ação, assim como um desembarque da lancha da Força, faz parte de ritual para militares que deixam o cargo de comandante
Brasília|Do R7

O ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, se emocionou ao relatar a ausência de cerimônia em sua saída do comando da força militar em 2022. Ele afirmou que não teve a tradicional “salva de canhões” nem a possibilidade de desembarcar de uma lancha da instituição – eventos que fazem parte do protocolo em qualquer troca de comando.
Segundo Garnier, havia um acordo para que as três forças militares realizassem a transmissão de comando antes do término do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro. Contudo, o Almirante Olsen, atual comandante da Marinha, teria expressado o desejo de fazer a cerimônia de transferência apenas em janeiro, já com o novo governo empossado. Garnier, então, recusou a proposta, alegando um compromisso anterior com o Ministério da Defesa do governo anterior.
“Confesso ao senhor, não foi com alegria que disse isso a ele, porque nós temos cerimônias, tradições. O comandante da Marinha, quando se despede, tem direito a salva de canhões, desembarque de lancha, e eu não tive nada disso”, desabafou Garnier, emocionado.
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Ainda durante o depoimento, o almirante Garnierfirmou que não houve minuta de golpe de Estado, mas somente parte de uma análise do cenário político do Brasil, com informações, por exemplo, sobre caminhoneiros e do processo eleitoral. “Não vi minuta, vi informações em tela de computador. Não recebi um documento”, garantiu.
Ele confirmou ter se encontrado com o ex-presidente Jair Bolsonaro após a derrota nas Eleições de 2022, mas negou ter colocado as tropas à disposição para uma suposta manutenção do poder. “Nunca falei essa frase”, completou.
“O presidente [Jair Bolsonaro] tinha preocupação com pessoas que estavam insatisfeitas e estavam nos quartéis. Não se sabia para onde ia o movimento”, afirmou Garnier.
Em relação às reuniões após as eleições, Garnier explicou que a principal preocupação do então presidente e dos membros do ex-governo eram as “inúmeras pessoas que estavam, digamos assim, insatisfeitas e se posicionavam”.
Blindados
Além disso, o ex-comandante da Marinha negou que um desfile de blindados realizado em agosto de 2021 tivesse como objetivo pressionar a Câmara dos Deputados no dia da votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso.
“O presidente da Câmara decidiu levar ao plenário e marcou para a data em que já estava previsto todo esse deslocamento”, afirmou. O desfile ocorreu no dia 10 de agosto e contou com a participação do então presidente Jair Bolsonaro, que acompanhou a agem dos tanques militares.
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