Taiwan projeta possível invasão chinesa em 2027 e reforça gastos militares
A projeção para uma possível invasão foi reforçada por declarações do comandante do Comando Estratégico dos EUA, Anthony J. Cotton
Internacional|Do R7

Os exercícios militares anuais de Taiwan apontaram 2027 como o ano potencial de uma invasão chinesa, marcando a primeira vez que uma data específica foi mencionada para uma possível ofensiva. O anúncio ocorre em meio à promessa do governo taiwanês de aumentar os gastos com defesa, impulsionado pela pressão dos Estados Unidos.
O Exercício Han Kuang, realizado anualmente para testar a prontidão militar da ilha contra uma eventual invasão da China, ocorrerá de 9 a 18 de julho. A operação envolverá o Exército, a Marinha, a Força Aérea e o Corpo de Fuzileiros Navais, incluindo exercícios de tiro real, desembarques anfíbios e simulações de ataques com mísseis.
Neste ano, o foco será a defesa da ilha diante de um possível ataque em 2027, segundo o Ministério da Defesa de Taiwan. “O Exercício Han Kuang sempre foi projetado para simular cenários que poderiam ocorrer dentro de um ou dois anos”, afirmou o ministro da Defesa, Wellington Koo, em entrevista coletiva.
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Pressão militar crescente
A China considera Taiwan uma província separatista e tem intensificado sua presença militar na região, realizando incursões e exercícios próximos à ilha. Taiwan, por sua vez, se vê como um estado soberano e vem fortalecendo suas defesas.
A projeção de 2027 para uma possível invasão foi reforçada por declarações do comandante do Comando Estratégico dos EUA, Anthony J. Cotton, que alertou em uma conferência de defesa que, com a rápida expansão militar chinesa, o Exército de Libertação Popular (ELP) pode estar pronto para tomar Taiwan até a data estipulada.
Para aumentar sua capacidade defensiva, o Ministério da Defesa taiwanês propôs, em fevereiro, dobrar a duração dos exercícios militares de cinco para dez dias e mobilizar mais brigadas da reserva.
Aumento no orçamento de defesa
Em resposta à crescente ameaça chinesa, o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, anunciou que o orçamento de defesa da ilha ultraará 3% do Produto Interno Bruto (PIB), um aumento significativo em relação aos atuais 2,4%.
Durante um discurso na Câmara de Comércio Americana, Lai reforçou o compromisso de seu governo com o fortalecimento da defesa nacional e buscou tranquilizar críticos nos EUA e em Taiwan que cobram investimentos mais robustos no setor militar.
Os Estados Unidos vêm pressionando Taiwan a ampliar seus gastos com defesa. O ex-presidente Donald Trump chegou a sugerir que o orçamento militar da ilha fosse elevado para 10% do PIB — percentual superior ao dos EUA e de seus principais aliados — para dissuadir a China.
Crescente intimidação chinesa
Desde que Lai assumiu a presidência em maio de 2024, Pequim intensificou sua pressão militar sobre Taiwan, promovendo grandes exercícios aéreos e navais e aumentando o envio de aviões de guerra e navios para a região.
Além disso, a China investiu em novas tecnologias militares, como barcaças de desembarque para operações anfíbias, e expandiu suas operações cibernéticas e campanhas de desinformação para influenciar a opinião pública em Taiwan.
Em março, Pequim anunciou um aumento de 7,2% no orçamento de defesa para 2025, totalizando US$ 246 bilhões. Esse é o quarto ano consecutivo de crescimento acima de 7% nos gastos militares chineses.
Diante desse cenário, Lai afirmou que Taiwan fortalecerá sua cooperação com os EUA e outras democracias para garantir a estabilidade e a segurança regional.